Soja: Mercado brasileiro começa 2017 com atenção ao dólar, colheita e demanda na América do Sul

O primeiro dia útil de 2017 começa com o mercado internacional da soja fechado, retomando suas operações nesta terça-feira, dia 3 de janeiro. Enquanto isso, no Brasil, os produtores já estão prontos para dar início efetivamente à colheita da safra 2016/17, com a perspectiva de uma produção recorde. Dessa forma, a comercialização da nova temporada também deve tomar mais ritmo nas próximas semanas e a atenção dos sojicultores deve se voltar para o câmbio, que deve ser o mais importante – ou um dos mais – na formação dos preços da oleaginosa brasileira.

Nesta segunda-feira, o dólar sobe frente ao real. A moeda americana, por volta das 16h (horário de Brasília), subia mais de 1% para ser negociada a R$ 3,283. O pregão de hoje, porém, não deve indicar uma tendência clara, como explicam analistas e economistas, uma vez que, já no início do ano, as mudanças previstas devem trazer uma influência expressiva para o andamento da divisa.

“A sessão de hoje não deve ter uma tendência clara. O mercado fica às cegas sem os Estados Unidos. Qualquer fluxo pontual, pode trazer um impacto maior”, afirmou o operador da corretora H.Commcor DTVM Cleber Alessie Machado à Reuters.

Além disso, os economistas da Apexsim Inteligência e Mercado alertam ainda para a posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no próximo dia 20 de janeiro, o que também pode dar uma nova cara aos negócios. “E o cenário cambial interno, no entanto, deve se manter inalterado durante o mês de janeiro devido aorecesso parlamentar e judiciário em diversas instâncias”.

Novas Vendas

Assim, para a efetivação de novas vendas, os produtores brasileiros – principalmente aqueles que já realizaram a comercialização de uma parte maior de sua safra – aguardam por algumas definições, incluindo a confirmação de sua produtividade nesta temporada. Embora as lavouras estejam praticamente concluídas, as previsões que indicam excesso de chuvas em alguns pontos, especialmente em Mato Grosso, inspiram cautela.

Por outro lado, a migração da demanda internacional para a América do Sul deve contribuir para essa melhora no ritmo das vendas. Ainda de acordo com os analistas da Apex, as vendas americanas menos intensas – apesar de ainda fortes – e a preocupação sobre a safra da Argentina trazida pelo clima também podem criar um ambiente favorável para a soja nacional.

“Apesar da estiagem na Argentina, o mercado se mostra confiante em relação à safra sul-americana a qual deverá ser maior do que o esperado devido ao clima no Brasil”, diz o relatório da consultoria.

Perspectivas para Chicago

O mercado está agora ansioso para a retomada dos negócios na Bolsa de Chicago, principal referência para os preços da soja, e o clima na América do Sul deverá ser um dos componentes mais observados neste momento, que é chave para a temporada 2016/17. No entanto, analistas e consultores apostam em uma semana tranquila, com os traders voltando as poucos às suas operações.

Os preços, portanto, seguem ainda enxergando seu suporte na referência dos US$ 9,80 e a resistência entre US$ 10,35 e US$ 10,55 por bushel. Na última sexta-feira (30), o vencimento janeiro/17, o mais negociado do momento, terminou o ano valendo US$ 9,96.

“Esta semana, com a volta do volume de negócios, devemos ter movimentos importantes no mercado. Se houver uma manutenção dos preços acima dos U$ 10,00 o bushel ou do suporte, podemos esperar que nos próximos meses os preços não cairão mais”, explica a Apexsim.

A atuação dos fundos de investimentos também merece atenção, já que os mesmos aumentaram suas posições entre os futuros da oleaginosa, mostrando que aproveitam os atuais patamares das cotações para realizar compras, apostando em novas altas, ainda segundo explicam analistas e consultores.

Um levantamento da agência internacional de notícias Bloomberg mostrou que, pela primeira vez desde 2010, as commmodities apresentaram um ressurgimento importante em 2016. E, para 2017, os ganhos deverão continuar a ser registrados para diversos mercados, segundo a sinalização dos fundos. E parte dessa perspectiva vem das expectativas de uma retomada do crescimento econômico mundial neste ano.

Os fundos ampliaram suas posições “otimistas”, principalmente, em algodão, gado, petróleo e farelo des soja. Na contramão, porém, não se mostraram tão favoráveis para o milho, cacau e trigo.

“Já começamos a ver a China estimulando sua economia, com uma política monetária projetada para reforçar a demanda e o crescimento. Além disso, há também uma melhora da atividade econômica nos Estados Unidos, sugerindo as possibilidades de que os preços das commodities deverão continuar subindo”, acredita o estrategista de mercado da Prudential Financial, Quincy Krosby, ainda segundo a Bloomberg.

Por: Carla Mendes

Fonte: Notícias Agrícolas